sábado, 24 de novembro de 2007

Novembro

Novembro está terminando de escorrer do meu calendário, e não sei o que fazer. Não consigo mais segurar um ano sequer de minha vida, eles se transformam, não deixam que eu os perceba até que seja tarde demais. E por acaso não é a minha vida que está pasando lá adiante, carregada por mais um ano maluco e disfarçado de rotina?? Nem sei se o meu interesse vai me deixar perceber que logo mais já é janeiro.

Lá fora as pessoas falam alto nas ruas, tentando nos deixar a par de suas vidas inconscientemente: "Mas eu já lhe disse, Marta, não faça isso, Marta!". e quem será a tal Marta, que povoa a fala deste cidadão inconformado?? Será que ela vive numa casa onde as paredes são de giz, como a Beatriz, e ele as apagou, como apagou a Marta de sua vida, e ela ainda não se conformou que já não é mais moça?? Eu queria entrar no pensamento das pessoas, interpretar-lhes melhor, saber dizer o que não querem, subvertê-las, controlar-lhes as almas. Como hobby. Como prazer. Minha maldade não é física, mas sim puramente mental, de controle, de possessão.
O ano termina e eu sonho com minha exterminação parasitológica, meu delicioso fracasso social e minhas ambições pequenas e imediatistas. Espero que no próximo ano todos nossos sonhos se realizem, num clichê natalino e artificial.

Thandara, só.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Histórias escritas em quadradinhos de papel

I.
Alguns moleques jogam futebol, a lama cobrindo suas derrotas, a chuva lavando-lhes os pés.
Enferrujando os troféus.
Porém não solubilizando a glória
Da boa e velha
Pelada de rua.

II.
Ele andava olhando para o chão. Milagres nunca acontecem, e nunca iriam acontecer, certamente, pois assim funciona o mecanismo mítico dos milagres, senão não seriam assim chamados. Assim pensava nosso cidadão, num dia qualquer, em que seus compromissos serviriam somente para preencher mais um período com nada mais que o vazio. Passo após passo, percebe nosso camarada que o ar tornara-se diferente. Respirar era diferente, havia algo mais profundo e denso do que qualquer matéria, talvez com um toque de vida e um cheiro esquisito. Foi aí que o milagre aconteceu. Choveu.

III.
Não sei como sentir o gosto do novo. Somos mal acostumados a transformar a novidade em trivial. Talvez não haja coisa nova. Todos vivemos esperando uma pessoa que se foi há mais de dois mil anos voltar, mas não fazemos nada coerente para que isso aconteça. Às vezes tenho vergonha do mundo, mas mais vergonha ainda da porcaria da raça humana, que ainda se acha superior porque possui um tal de pensamento contínuo e organizado, que enquanto criava uma maquinaria pra salvar vidas pensava em como ela poderia furar o olho do outro...

IV.
Por vezes lembro-me de algumas professoras, em aulas de redação. Foi um período de absoluto terror, pra mim. Não sei se era só comigo, mas achava que as minhas professoras pasavam por um período de falta de criatividade constante, e nós por uma vergonha constante causada por elas.
Uma vez uma delas pediu para escrevermos uma redação sobre uma pessoa com uma mania esquisita. Gente, até hoje eu não conheço ninguém com uma mania digna de ser contada numa redação. Pior é que no fim das contas a história ficou uma droga, porque tive que ouvir que a mania não era tão esquisita. Em outra vez, foi uma história de um menino numa casa abandonada(história de terror de quinta). Uma outra, troca de papéis entre mãe e filha (clichê do cinema!). Poemas pra rimar coração com paixão e amor com dor. E ainda éramos obrigados a ler para os colegas.
Acho que é por isso que as crianças não estão nem aí pra certas coisas e a educação sempre toma pau no fim do ano, porque com professoras assim a vontade de estrangular o pescocinho delas como a gente faz com galinhas caipiras não seria nem um pouco condenável.

Thandara, só.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A vida no palhacio

Se tem uma coisa que sempre me fizeram crer, é de que estaria seguro em minha fortaleza.
Dentro do palhacio não correria riscos, não seria contrariado, nem ao menos contestado.
A cada momento me lembrava o inquisitor, que não teria danos, perdas e mutilações.
E cri.
Segamente cri nisto, até que um dia, vem até mim o bobo da corte, dizendo suas besteiras costumeiras, fazendo seus truques, enganando os bons, levando-os ao riso.
Até que disse uma frase, aparentemente tola, como as demais. No entanto está ecoava em minha cabeça vazia. E fiquei a refletir, pensar, pensar, repensar....e não chegar a lugar algum.
Da minha boca não saiam palavras, meu coração não batia, só queria continuar este nada, e numa pretensão estúpida, entendê-lo.
Minha nossa, o que seria aquilo? O que ele quis dizer? O que deveria pensar eu pensar? Se nem isso sabia, muito menos agir, e só acordei quando ouvi um grito no vácuo, meu próprio grito:
- Que vá a forca este bobo!!!
Agora tinha um pensamento, o rei não deve ter pensamentos, pelo menos não deve dizê-los em voz alta.
Bom, não tinha volta, a inspiração divina não me deixava errar.
Não sorria, sufocado morria.
E minha dúvida não mais poderia ser solucionada, ao menos não por aquele homem.
Resolvo então sair de minha cela e, arriscar minha pele no estranho mundo sem minha segurança, sem garantias.
E somente uma dúvida me levava a seguir, uma necessária experimentação, nunca uma solução.
Ninguém sai em busca de soluções, pode até as desejar, porém sem certeza alguma. A solução não é o ponto de partida, e sim de morte.
E a voz do "palhaço" não saia de meu corpo, e a bobagem não saia de mim.
Eis que saí, passei por um jardim qualquer, cheguei a um precipício, o qual pude olhar abaixo e ver que nem em sonho viveria se caísse dali, um pequeno escorregão e toda minha vida acabaria, numa queda fatal.
Me viro rumo a sobrevivência, e qual não é a surpresa da coincidência quando tropeço, de costas me inclino para o buraco e com todas minhas forças seguro na pedra mais próxima.
Há dor, mas não me importo. Que me importa mais? Um dedo quebrado ou um crânio esmagado?
Num primeiro momento, quis voltar ao lar doce lar, decidi esperar um pouco mais, pois me lembrei do ilustre palhaço dizendo: -"Qual é o valor da vida sem a morte?"
Entendi que a vida só tem valor em face da morte, pois sem a morte, sem os riscos, não há vida.
Vivi boa parte de minha vida sem perigo, sem errar e vi que na verdade não vivi, apenas existi, e nem para mim o fiz.
Talvez se tivesse sido levado pelas bravas águas do rio que não nadei, teria pensado em aproveitar cada tempo, ou se tivesse sido picado pela cobra que nunca vi, teria me perguntado o que havia feito da minha vida até aquele momento.
É a vida cheia de quases que nos faz contar histórias maravilhosas, nos faz respirar fundo, olhar para o céu e ter de volta a admiração que perdemos a cada acomodação.
São os riscos que nos fazem enxergar a vida, que nos faz querer viver.

R. A. (Rei Anão)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

É chegada a hora...

É chegada a hora do rei sair de seu solitário palhacio, afim de aprender o que são flores, pântanos, campos e lagos, inimagináveis em sua humilde morada.
É chegada a hora da aventura, chega de ouvir histórias(istórias?estórias?hestórias?) de donzelas em apuros, iremos pular rumo ao abismo, cair de cabeça, cair na real, se machucar, e ver que nem a realeza é feita de ouro.


Está é somente um introdução/apresentação.

R. A. (Rei Anão)

domingo, 11 de novembro de 2007

Wouldn't it be nice!


Meus rascunhos, minhas esperanças, meu ócio laboratorial. Estava ansiosa!!

Wouldn't it be nice - The Beach Boys